Trago mais um causo verídico, que me foi narrado por um garoto nascido e criado na localidade Reis, onde o chefe da estação era aqui o Baixinho.
Dados do lugar: Linha férrea, de um lado a estação e o armazém; de fronte um desvio onde o bombeiro enchia os vagões-tanque com água para os hidrantes de outros lugares. Na quase linha do horizonte, uma mata, restos da Mata Atlântica, além da ruína do que foi outrora o engenho do rei. Além disso, pouco mais a frente da direita de quem está na estação, casa do cabo da turma, e do outro lado da linha, cinco casas dos cassacos da conservação da linha férrea, também o hidrante com a bomba para a sucção da água que distava uns trezentos metros. De fronte do hidrante e em terreno pouco elevado, o famoso barracão da usina, objeto de nosso blog de hoje.
Estou na estação na prontidão de praxe quando um garoto de 12 ou 13 anos, esbaforido (Detefon seu nome) falou:
"Chefe, num sabe Joca Ticuqueiro, chegô lá no barracão de seu Mané Lira e tava cagano rega, dizeno qui tinha bêjado a fia de Zé Vito, nisso seu Mané Lira dixe: "Olha lá dobrando a esquina da cana tá chegando Zé Vito, aí Joca Ticuqueiro fei dum. Moral da história: Em boca fechado não entra mosca !
Vocubulário:
Ticuqueiro - trabalhador que tira "ticuca" que corresponde a "uma conta" ou "doze por treze braças", que é uma vara onde um homem alto, mede de chão à ponta do dedo de seu braço erguido;
Cagano rega - se pabulando;
Fei dum - evadiu-se, deu no pé, escafedeu-se;
Piojota - maneira como falavam da qualidade da cana POJ.
Esta última palavra do vocabulário, vem de uns versos que eles recitavam.
O povo de ingen do rei
já tão de perna torta
de alimpá doze pu treze
no pêlo da piojota
Baixinho
Me criei ouvindo falar que tal pessoa era um ticuqueiro, mas não fazia idéia do porque.
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