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terça-feira, 22 de maio de 2012

MENINO, CALA-TE BOCA

Trago mais um causo verídico, que me foi narrado por um garoto nascido e criado na localidade Reis, onde o chefe da estação era aqui o Baixinho.
Dados do lugar: Linha férrea, de um lado a estação e o armazém; de fronte um desvio onde o bombeiro enchia os vagões-tanque com água para os hidrantes de outros lugares. Na quase linha do horizonte, uma mata, restos da Mata Atlântica, além da ruína do que foi outrora o engenho do rei. Além disso, pouco mais a frente da direita de quem está na estação, casa do cabo da turma, e do outro lado da linha, cinco casas dos cassacos da conservação da linha férrea, também o hidrante com a  bomba para a sucção da água que distava uns trezentos metros. De fronte do hidrante e em terreno pouco elevado, o famoso barracão da usina, objeto de nosso blog de hoje.
Estou na estação na prontidão de praxe quando um garoto de 12 ou 13 anos, esbaforido (Detefon seu nome) falou:
"Chefe, num sabe Joca Ticuqueiro, chegô lá no barracão de seu Mané Lira e tava cagano rega, dizeno qui tinha bêjado a fia de Zé Vito, nisso seu Mané Lira dixe: "Olha lá dobrando a esquina da cana tá chegando Zé Vito, aí Joca Ticuqueiro fei dum. Moral da história: Em boca fechado não entra mosca !

Vocubulário:

Ticuqueiro - trabalhador que tira "ticuca" que corresponde a "uma conta" ou "doze por treze braças", que é uma vara onde um homem alto, mede de chão à ponta do dedo de seu braço erguido;

Cagano rega - se pabulando;

Fei dum - evadiu-se, deu no pé, escafedeu-se;


Piojota - maneira como falavam da qualidade da cana POJ.

Esta última palavra do vocabulário, vem de uns versos que eles recitavam.

O povo de ingen do rei
já tão de perna torta
de alimpá doze pu treze
no pêlo da piojota

Baixinho

Um comentário:

  1. Me criei ouvindo falar que tal pessoa era um ticuqueiro, mas não fazia idéia do porque.

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